A escolha de “parassocial” como palavra do ano de 2025 revela mais do que um interesse linguístico: expõe uma mudança profunda na forma como indivíduos se relacionam com celebridades, influenciadores e até inteligências artificiais. O fenômeno, antes restrito ao meio acadêmico, ganhou força impulsionado por casos midiáticos que evidenciaram vínculos unilaterais intensos e emocionalmente desgastantes. A popularização do termo indica que as pessoas passaram a reconhecer algo que sempre existiu, mas que se intensificou com a hiperexposição digital.

Entretanto, o caminho ideal não é demonizar essas relações, mas compreendê-las e tratá-las com realismo. Em um mundo hiperconectado, vínculos com figuras distantes dificilmente desaparecerão. A solução mais viável é desenvolver alfabetização digital e emocional: ensinar usuários, sobretudo jovens, a identificar limites, diferenciar afeto de ilusão e reconhecer quando a busca por companhia digital se torna nociva. Do lado das plataformas e das figuras públicas, é essencial responsabilidade na comunicação, com transparência sobre limites e evitando estímulos que reforcem dependência afetiva.

Ao analisar palavras de anos anteriores, observa-se que cada escolha marca ansiedades coletivas: pandemia, tecnologia, política, saúde mental. “Parassocial” se insere nesse percurso como alerta sobre a fragilidade emocional que a dinâmica digital amplia. Reconhecer essa tendência é o primeiro passo; o segundo é agir de forma pragmática. Isso envolve políticas de proteção emocional, incentivo a relações presenciais e fortalecimento de ambientes digitais mais transparentes.

O desafio de 2025, portanto, não é apenas nomear o fenômeno, mas criar condições para que ele deixe de ser invisível e passe a ser enfrentado com maturidade. A palavra do ano não deve ser apenas um retrato do presente, mas um convite para construir relações mais saudáveis em um mundo mediado por telas. Somente ao integrar educação crítica, políticas públicas e responsabilidade des redes será possível mitigar danos emocionais dessas relações unilaterais e fortalecer vida digital consciente.