A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, tem enfrentado forte reação ao defender auxílio às famílias dos 117 mortos na megaoperação policial no Rio de Janeiro. Sua postura, embora coerente com a missão institucional de seu ministério, ignora um ponto fundamental: a operação não apontou até agora uma única vítima inocente. Todos os mortos, segundo as investigações, integravam o crime organizado e confrontaram a polícia fortemente armados.
É legítimo discutir excessos e fiscalizar o uso da força pelo Estado. Mas é preciso distinguir direitos humanos de relativismo moral. Quando criminosos atiram em agentes públicos, matam quatro policiais e transformam comunidades em campos de guerra, o foco do poder público deve ser proteger a sociedade — não reparar financeiramente famílias que se beneficiavam, direta ou indiretamente, da atividade criminosa.
O Estado não pode se tornar refém do medo de parecer insensível. Garantir direitos humanos não é o mesmo que conceder benefícios indiscriminados. A omissão em punir abusos não justifica inverter papéis, tratando criminosos mortos como vítimas do sistema. O dever do Estado é combater o crime com legalidade e firmeza, preservando a vida quando possível, mas sem enfraquecer a autoridade policial.
O governo federal teme, com razão, o impacto político de qualquer gesto que soe como leniência. A ministra cumpre seu papel institucional, mas ultrapassa o limite quando transforma o discurso humanitário em pauta compensatória. O verdadeiro debate deveria ser sobre o fortalecimento das políticas de segurança, o apoio às famílias dos policiais mortos e o enfrentamento das causas do domínio criminoso nas favelas — não sobre indenizar quem escolheu o confronto armado.
Direitos humanos precisam proteger o cidadão de bem e garantir que o Estado aja com justiça — não servir de abrigo moral para quem atacou a própria lei.
