Gostar de animais Ă© comum, mas entender por que tantos ainda os rejeitam Ă© essencial para transformar essa realidade. Pesquisas mostram que o desinteresse por cĂŁes ou gatos nĂŁo revela falta de empatia, mas estĂĄ ligado a fatores diversos: traumas de infĂąncia, fobias, rotina atribulada ou atĂ© estilos de apego mais reservados. Em algumas culturas, animais sĂŁo vistos apenas como instrumentos de trabalho, nĂŁo como companheiros. Reconhecer essas diferenças Ă© o primeiro passo para construir pontes — e nĂŁo muros — entre pessoas e animais.

A ciĂȘncia comprova: a convivĂȘncia com pets salva vidas. Estudos da Harvard Medical School indicam que tutores de cĂŁes tĂȘm 24% menos risco de morte precoce. Pesquisas da American Heart Association mostram benefĂ­cios cardĂ­acos diretos, com menor pressĂŁo arterial e colesterol. No campo emocional, 74% dos donos relatam melhora significativa da saĂșde mental. A interação com os animais aumenta serotonina, dopamina e ocitocina, o hormĂŽnio do amor, reduzindo estresse e solidĂŁo.

Mas enquanto a ciĂȘncia comprova ganhos, o Brasil ainda enfrenta nĂșmeros alarmantes. SĂł em 2023, mais de 184 mil animais foram resgatados de maus-tratos. O abandono e o envenenamento seguem entre as principais denĂșncias. A Lei SansĂŁo endureceu as puniçÔes e, em SĂŁo Paulo, reduziu em 21% os casos de crueldade. Ainda assim, a subnotificação e a impunidade seguem como barreiras.

Os novos programas federais, ProPatinhas e SinPatinhas, representam avanço histórico. Castração gratuita, microchipagem e registro nacional podem controlar a população de forma ética e evitar o sofrimento. AçÔes educativas nas escolas, jå amparadas pela BNCC, mostram que conhecimento forma geraçÔes mais conscientes e capazes de agir.

Combater maus-tratos exige polĂ­tica pĂșblica, punição e educação. É preciso garantir castraçÔes, fortalecer ONGs e divulgar canais de denĂșncia. A mudança depende da soma entre poder pĂșblico e sociedade. Respeitar os animais nĂŁo Ă© apenas um gesto de compaixĂŁo — Ă© um passo civilizatĂłrio. Quem cuida da vida, em todas as suas formas, cuida do futuro.