Nos últimos anos, o Brasil vivenciou um fenômeno inesperado: pela primeira vez, a proporção de crianças com celular próprio está diminuindo. A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025, do Cetic.br, mostra que apenas 55% das crianças de 9 a 10 anos possuíam celular, contra 67% em 2024. Entre crianças de 11 a 12 anos, a queda foi de 79% para 69%. A mudança coincide com debates sobre proteção infantil no ambiente digital, a lei que proibiu celulares nas escolas em janeiro de 2025 e a criação do ECA Digital, que estabelece direitos e limites para crianças e adolescentes online.
Para especialistas, a redução do uso de celulares oferece benefícios claros: crianças passam a explorar mais sua criatividade, participar de brincadeiras físicas, desenvolver habilidades sociais e aumentar a capacidade de concentração. Estudos mostram que menos tempo de tela contribui para melhor desenvolvimento emocional, resiliência e interações familiares mais saudáveis.
O uso excessivo de celulares, por outro lado, apresenta riscos sérios. A exposição precoce às telas pode afetar a formação cerebral, prejudicar linguagem, coordenação motora e aprendizado. A luz azul das telas compromete o sono, enquanto a dependência digital pode gerar ansiedade, depressão e isolamento social. Além disso, crianças ficam mais vulneráveis a conteúdos inapropriados e a relacionamentos perigosos online.
Especialistas recomendam limites claros: crianças até 12 anos não deveriam ter celular próprio, e o tempo de tela diário deve ser monitorado, de acordo com idade. Pais devem supervisionar o uso, criar regras consistentes, manter diálogo aberto, propor atividades offline e servir de exemplo. Ferramentas de controle parental e conhecimento do ECA Digital ajudam a proteger os menores.
O cenário sugere um movimento de conscientização social. A meta não é eliminar a tecnologia, mas equilibrar seu uso, priorizando desenvolvimento físico, social e emocional. Ao reduzir a exposição precoce, o Brasil avança para uma infância mais saudável, segura e conectada à realidade.
