O conservador de extrema-direita Charlie Kirk, morto aos 31 anos em 10 de setembro de 2025 após ser baleado por um fuzil em uma universidade nos Estados Unidos, deixa um legado marcado por polêmicas, declarações radicais e posições ideológicas que dividiram a opinião pública americana.
Fundador da Turning Point USA, Kirk se consolidou como uma das principais vozes do movimento Make America Great Again (MAGA) entre jovens universitários, mas sua atuação foi permeada por discursos racistas, misóginos, anti-LGBTQ+ e pela propagação de desinformação.
Racismo e ataques a lideranças históricas
Kirk não hesitou em criticar nomes centrais da luta pelos direitos civis. Chegou a chamar Martin Luther King Jr. de “pessoa horrível” e George Floyd de “scumbag” após o assassinato que mobilizou protestos contra a violência policial. Comentários como “Minnesota foi construída por maravilhosos escandinavos” foram vistos como racistas por associarem progresso a origem étnica.
Misoginia e visão ultraconservadora da mulher
Entre suas falas mais polêmicas estavam as que defendiam que mulheres “renunciassem à carreira e à educação” para se dedicarem exclusivamente ao lar. Incentivava casamentos precoces e maternidade em larga escala, reforçando padrões de submissão feminina.
Negacionismo na pandemia
Durante a crise da COVID-19, Kirk tornou-se um dos principais propagadores de desinformação. Rejeitou máscaras, vacinas e defendeu o uso da hidroxicloroquina como tratamento “100% eficaz”, sem base científica. Também acusou a OMS de ser “Organização da Saúde de Wuhan” e inflou estatísticas falsas sobre mortes por vacinas.
Hostilidade contra a comunidade LGBTQ+
Kirk descreveu pessoas trans como “um dedo médio contra Deus” e insinuou que a homossexualidade se relacionava a práticas criminosas. Em eventos, chegou a ridicularizar atletas trans e associar diversidade sexual a “ameaças morais”.
Defesa extrema do armamento
Sua posição mais controversa talvez tenha sido a defesa radical da Segunda Emenda. Após massacres em escolas, como o de Parkland em 2018, declarou que as mortes por armas de fogo eram um “custo razoável” para proteger direitos constitucionais. Em 2023, reforçou que “vale a pena ter algumas mortes por armas por ano” em nome da liberdade individual.
Teorias conspiratórias e ataques ao processo democrático
Kirk esteve presente nos bastidores do 6 de janeiro de 2021, quando manifestantes invadiram o Capitólio. Promoveu alegações infundadas de fraude eleitoral em 2020 e criticou até mesmo a Lei dos Direitos Civis de 1964, alegando que teria criado uma “burocracia permanente de diversidade e inclusão”.
Um legado de controvérsias
A morte de Charlie Kirk por arma de fogo — justamente o instrumento cuja liberação ampla ele defendia — carrega um paradoxo simbólico. Sua trajetória reflete o poder da retórica radical no cenário político americano e os riscos sociais de discursos que reforçam divisões, preconceitos e desinformação.
