"Tarifaço" de Trump pressiona indústria e pode encarecer carros em todo o mundo

 


A política tarifária implementada pelo ex-presidente Donald Trump em 2025 — apelidada de "tarifaço" — tem gerado impactos profundos e negativos na indústria automobilística global, atingindo montadoras, fornecedores e consumidores. As medidas, que incluem sobretaxas que variam entre 10% e 50% sobre veículos e componentes importados, já causaram perdas estimadas em quase US$ 12 bilhões apenas no segundo trimestre deste ano, segundo dados do setor.

Entre os casos mais preocupantes está o da Toyota, que projeta um prejuízo de até US$ 9,5 bilhões até o fim do ano fiscal e, pela primeira vez em anos, registra perdas operacionais na América do Norte. As fabricantes americanas também estão sob forte pressão: a General Motors pode perder até US$ 5 bilhões, a Ford até US$ 3 bilhões e a Stellantis cerca de US$ 1,7 bilhão. O principal motivo é o aumento abrupto nos custos de produção, causado pelas tarifas incidentes sobre peças e veículos importados de países como México, Canadá e China.

Diante desse cenário, as montadoras enfrentam um dilema delicado: repassar os custos ao consumidor, encarecendo os veículos, ou tentar realocar sua produção para os Estados Unidos, o que envolve grandes investimentos e tempo. Para complicar ainda mais, os principais alvos das tarifas incluem componentes estratégicos como chips semicondutores e baterias para veículos elétricos, o que pode atrasar a transição para tecnologias mais limpas e sustentáveis.

A cadeia de suprimentos global, que se tornou altamente integrada e eficiente ao longo das últimas décadas, começa a sofrer um efeito dominó. Empresas como a Ford já iniciaram planos para expandir suas operações em estados como Indiana, na tentativa de reduzir a dependência de fábricas no México, mas o processo é caro e demorado.

Para tentar conter os danos, Estados Unidos e Japão negociaram um acordo que prevê a redução de tarifas de 27,5% para 15% sobre alguns produtos, embora ainda não haja uma data concreta para sua entrada em vigor. Além disso, o governo Trump implementou medidas paliativas, como isenções e créditos fiscais para veículos com partes fabricadas regionalmente (EUA, México e Canadá), mas elas não são suficientes para neutralizar os efeitos das tarifas.

No Brasil, o impacto também se faz sentir. Ainda que de forma indireta, o tarifaço eleva o custo de importação de componentes e pressiona a cadeia produtiva local. Com o aumento das tarifas sobre veículos fabricados no México, há risco de que essas unidades sejam direcionadas ao mercado brasileiro, onde enfrentam barreiras menores, o que ameaça a competitividade da indústria nacional.

Resumidamente, o tarifaço imposto por Trump em 2025 representa um grande desafio para a indústria automobilística mundial. Em meio a um cenário de mudanças tecnológicas, pressões ambientais e demandas de mercado, a política tarifária impõe obstáculos adicionais, reacendendo o debate sobre protecionismo, integração produtiva e os caminhos para uma economia global equilibrada.