No Brasil, a rede elétrica é majoritariamente aérea, ao contrário de países desenvolvidos que já possuem grande parte de suas redes subterrâneas. Enterrar fios ainda é pouco viável devido a fatores como alto custo, complexidade de manutenção, dimensão territorial extensa e falta de planejamento urbano estruturado. O investimento inicial em redes subterrâneas pode ser de cinco a dez vezes maior do que em redes aéreas, exigindo cabos mais resistentes e serviços especializados, enquanto a manutenção requer escavações e interrupções mais longas. Além disso, a expansão desordenada das cidades brasileiras dificulta a implantação eficiente desse tipo de sistema.
Apesar desses obstáculos, as redes subterrâneas oferecem vantagens claras: maior segurança e confiabilidade, menor risco de interrupções por intempéries, redução da poluição visual, vida útil prolongada dos cabos e prevenção de furtos ou ligações clandestinas. Entretanto, no Brasil, menos de 1% da rede elétrica é subterrânea, com cidades como São Paulo registrando apenas 0,3%, Rio de Janeiro 11% e Belo Horizonte 2%. Comparativamente, cidades como Paris, Londres e Nova York possuem cerca de 71% de suas redes enterradas, refletindo em maior confiabilidade e menor tempo sem energia, que na Europa chega a apenas 12 minutos anuais por residência, enquanto grandes cidades brasileiras podem ficar dias sem luz após tempestades.
As soluções para o futuro incluem investimentos graduais e setorizados, priorizando regiões críticas como hospitais, escolas e áreas de alta densidade, além do aproveitamento de estruturas existentes, como túneis de metrô e galerias técnicas, para reduzir custos. Políticas públicas integradas entre governos federal, estadual, municipal e concessionárias são essenciais, assim como o uso de novas tecnologias que modernizem instalação e manutenção, incentivos legais e fiscais para tornar os investimentos mais atraentes e campanhas de conscientização social sobre os benefícios de médio e longo prazo. Embora desafiador, especialistas concordam que a transição gradual para redes subterrâneas é inevitável, especialmente diante do aumento de eventos climáticos extremos e apagões, tornando a integração de infraestrutura e planejamento coordenado o caminho para um sistema elétrico mais seguro e eficiente no Brasil.