A arrecadação federal atingiu um novo recorde no primeiro semestre de 2025, somando R$ 1,44 trilhão, no maior volume já registrado para o período desde o início da série histórica, em 1995. O valor representa um crescimento real de 4,38% em relação ao mesmo intervalo de 2024, consolidando o quarto ano consecutivo de alta na arrecadação tributária.

O mês de junho, isoladamente, também apresentou desempenho expressivo: foram arrecadados R$ 234,6 bilhões, alta real de 6,6% em relação ao mesmo mês do ano passado e avanço de 1,7% frente a maio. A expansão vem sendo impulsionada tanto pela recuperação da atividade econômica quanto por mudanças na estrutura tributária, que ampliaram a base de receitas do governo.

Entre os principais motores dessa performance estão a tributação sobre fundos exclusivos e ganhos de capital, a retomada da cobrança sobre combustíveis e a tributação de apostas e encomendas internacionais. O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) teve destaque em junho, com arrecadação de R$ 8 bilhões, o que representa um crescimento real de 38,8% em relação a junho de 2024. Além disso, o desempenho positivo de tributos como Cofins, PIS/Pasep e IPI, junto à reoneração da folha de pagamentos e ao fim de benefícios setoriais, contribuiu significativamente para o aumento das receitas.

O cenário econômico também favoreceu a arrecadação. O crescimento da massa salarial, impulsionado pela redução do desemprego e pela valorização de salários, ampliou o consumo interno e, consequentemente, a arrecadação sobre o consumo. A combinação de melhora no ambiente econômico e reformulação de políticas fiscais demonstra a importância de um sistema tributário capaz de responder aos ciclos da economia de forma eficiente e justa.

Esse avanço na arrecadação é fundamental para a meta fiscal do governo, que busca zerar o déficit primário ainda em 2025. A projeção atual aponta para um déficit de R$ 26 bilhões, dentro da margem de tolerância permitida pelo novo arcabouço fiscal — equivalente a 0,25 ponto percentual do PIB, ou cerca de R$ 31 bilhões. Mesmo assim, analistas e órgãos oficiais alertam que o resultado final dependerá da trajetória das despesas públicas no segundo semestre. As estimativas variam, e o déficit pode oscilar entre R$ 26 bilhões e R$ 75 bilhões até o fim do ano.

A arrecadação recorde não elimina os desafios fiscais, mas oferece ao país uma base sólida para equilibrar receitas e despesas sem recorrer a cortes abruptos ou comprometer políticas públicas essenciais. Ao ampliar a base tributária e corrigir distorções, o governo dá um passo importante para garantir previsibilidade, justiça fiscal e sustentabilidade das contas públicas no médio e longo prazo.

Mais do que um dado contábil, esse resultado mostra que a combinação de crescimento econômico com responsabilidade fiscal pode ser o caminho mais eficaz para equilibrar as finanças e promover o desenvolvimento social de forma duradoura. Manter essa trajetória, porém, exigirá atenção constante à qualidade do gasto público e ao fortalecimento de políticas que favoreçam inclusão, produtividade e justiça econômica.