A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente, em relatório divulgado em junho de 2025, que ainda não sabe como começou a pandemia de COVID-19. Após mais de três anos e meio de investigações, a entidade declarou que nenhuma hipótese pode ser descartada, incluindo tanto a transmissão natural entre espécies quanto a possibilidade de um vazamento acidental de laboratório.
A falta de conclusão sobre a origem do vírus SARS-CoV-2 reforça a complexidade do tema e expõe entraves políticos, científicos e diplomáticos que dificultaram os esforços para se chegar a uma resposta definitiva.
Origem continua incerta
Segundo a OMS, o coronavírus pode ter se originado por meio da transmissão zoonótica, ou seja, de um animal para humanos, possivelmente a partir de morcegos por meio de um hospedeiro intermediário. Mas a entidade também admite que não é possível excluir a hipótese de um vazamento acidental de laboratório — especificamente, do Instituto de Virologia de Wuhan, que estuda coronavírus há anos.
A inclusão dessa possibilidade no relatório mostra uma mudança significativa de postura. A teoria do vazamento laboratorial, antes tratada como especulação ou teoria da conspiração, ganhou força e passou a ser considerada com seriedade, especialmente por agências dos Estados Unidos como o FBI, a CIA e o Departamento de Energia, ainda que com "baixo grau de confiança".
Falta de dados e transparência
O principal entrave para um esclarecimento definitivo é a escassez de informações confiáveis, especialmente vindas da China. A OMS afirma que o acesso aos dados brutos foi limitado desde o início e critica a falta de cooperação das autoridades chinesas. O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, já havia pedido publicamente mais transparência, mas os apelos não resultaram em avanços concretos.
A missão enviada pela OMS à China em 2021 também enfrentou dificuldades e, embora tenha classificado o vazamento de laboratório como “extremamente improvável”, essa conclusão foi recebida com descrença por parte da comunidade científica e de governos ocidentais.
Implicações globais
A indefinição sobre a origem do vírus não é apenas uma questão técnica. Ela tem implicações diretas na forma como o mundo se prepara para futuras pandemias. Sem entender como o vírus surgiu, é impossível projetar políticas eficazes de prevenção, vigilância e resposta a novos surtos.
O número de mortes atribuídas à COVID-19 ultrapassa os 20 milhões, de acordo com dados oficiais da própria OMS. A dimensão da tragédia global reforça a necessidade urgente de clareza, responsabilidade e cooperação internacional. O risco de uma nova pandemia permanece real.
Conclusão
Mais de três anos após o início da pandemia, a origem da COVID-19 continua sendo um enigma. A OMS reconhece que falhou em obter informações suficientes para chegar a uma resposta conclusiva e mantém todas as hipóteses em aberto.
A falta de cooperação total da China, aliada à politização do tema, comprometeu o avanço das investigações. A ausência de transparência, nesse caso, não é apenas um obstáculo científico — é um risco para a saúde global.
Enquanto isso, o mundo permanece vulnerável, sem saber exatamente de onde veio o vírus que paralisou economias, matou milhões e redefiniu as prioridades da sociedade contemporânea. E sem essa resposta, fica mais difícil evitar que tudo aconteça novamente.