A prisão temporária de MC Poze do Rodo no Rio de Janeiro reacendeu um debate urgente sobre o papel que alguns artistas do funk e rap têm na disseminação da cultura do crime no Brasil. Com acusações que vão desde apologia ao tráfico de drogas até envolvimento com facções criminosas, MC Poze e seu parceiro Oruam representam uma parcela do cenário musical que promove, por meio de letras e shows, a glorificação da violência, do uso ilegal de armas e da disputa entre facções.
VÃdeos de seus shows exibem armas de fogo e a presença ostensiva de traficantes, cenário que legitima e fortalece organizações criminosas como o Comando Vermelho, responsável por graves danos à segurança pública. As letras que fazem apologia a esses crimes não são apenas expressões artÃsticas — são armas poderosas que podem influenciar principalmente jovens e moradores de comunidades vulneráveis, normalizando o crime e dificultando polÃticas públicas de prevenção e combate.
Apesar de MC Poze ter sido liberado após cinco dias, cumprindo medidas restritivas como proibição de contato com membros de facções, o problema vai muito além de um único artista. Oruam, também investigado, e outros nomes do gênero musical reforçam o risco de que a arte se transforme em veÃculo de incentivo à criminalidade, corroendo o tecido social e alimentando ciclos de violência.
A Justiça já apontou que medidas como prisões temporárias isoladas não são suficientes para combater esse fenômeno. É necessária uma abordagem ampla, que envolva combate efetivo às lideranças criminosas e responsabilização dos que, por meio da arte, contribuem para o fortalecimento dessas organizações.
A sociedade brasileira não pode permitir que a cultura do crime seja promovida e disseminada em nome do entretenimento. Artistas têm o direito de expressar a realidade das comunidades, mas é fundamental que não cruzem a linha da apologia, promovendo o que fere direitos básicos e põe em risco a vida e a segurança de todos.