Pela primeira vez, o desejo de abrir o próprio negócio superou — ainda que por pouco — o sonho tradicional de ter uma carteira assinada. É o que mostra a nova pesquisa da Hibou Pesquisas e Insights: 33% dos brasileiros entre 16 e 34 anos querem empreender, contra 32% que ainda preferem a estabilidade da CLT.
Embora o empate técnico sugira um equilíbrio, o movimento indica algo mais profundo: uma virada geracional silenciosa, mas firme. A autonomia profissional, por muito tempo vista como um risco, passa agora a ser vista como um caminho de realização — e até de segurança em um mundo de tantas mudanças.
Um Sonho que Ainda Enfrenta Barreiras
Apesar da mudança de mentalidade, os dados revelam que o empreendedorismo ainda é um desejo mais do que uma realidade: apenas 12% da população adulta brasileira possui um negócio próprio, número que não cresce significativamente nem entre os mais jovens.
Isso ocorre porque, na prática, o cenário não é fácil. A maioria das mudanças profissionais ainda acontece por necessidade: 56% dos jovens que trocaram de área disseram ter feito isso por motivos financeiros, não por vocação. Ainda assim, o número crescente de jovens que querem empreender mostra que a vontade está plantada — e pode florescer com o estímulo certo.
A Geração Que Quer Ser Dona
O número de jovens empreendedores no Brasil cresceu 25,6% entre 2012 e 2023, segundo dados apoiados pelo Sebrae. E esse crescimento vem acompanhado de um perfil mais preparado: 75% dos jovens que empreendem possuem ensino médio ou superior completo. Os setores preferidos incluem tecnologia, serviços digitais, alimentação e estética — áreas que conversam com as novas formas de consumo e produção.
Esses jovens valorizam flexibilidade, propósito, impacto social e, principalmente, liberdade. A rejeição ao modelo tradicional de trabalho, marcada por longas jornadas e pouca autonomia, tem sido evidente. O fenômeno do “revenge quitting” — quando profissionais se demitem em busca de algo mais significativo — é apenas um sintoma disso.
Oportunidades para Quem Quer Fazer Diferente
O ano de 2025 promete oportunidades em áreas como inteligência artificial, e-commerce e economia criativa. Plataformas como Instagram, TikTok e marketplaces digitais tornaram possível iniciar um negócio com baixo investimento e grande alcance — algo impensável há poucas décadas.
Mas nem tudo são flores: acesso a crédito e capacitação adequada ainda são entraves reais. Por isso, mais do que nunca, políticas públicas, iniciativas privadas e redes de apoio podem fazer a diferença. Quando a juventude quer empreender, o melhor caminho é criar condições para que isso se torne possível.
Reflexão Final
O futuro do trabalho não será apenas sobre empregos — será sobre escolhas. E a nova geração já entendeu que ter um negócio próprio pode ser mais do que uma ambição: pode ser uma resposta. Cabe agora à sociedade oferecer as ferramentas para que esse desejo se transforme em impacto real.