Brasil empata com Equador na estreia de Ancelotti e escancara desafio: criatividade em falta e um futuro a construir

Na aguardada estreia de Carlo Ancelotti no comando da Seleção Brasileira, o que se viu foi um empate sem gols contra o Equador, em Guayaquil, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Longe de empolgar, a partida serviu como um alerta: há muito a ser feito. O resultado mantém o Brasil na 4ª colocação, com 22 pontos, enquanto o Equador segue em 2º, com 24.

Apesar da expectativa gerada em torno da chegada de um dos técnicos mais vitoriosos do futebol mundial, o desempenho da Seleção foi abaixo do esperado. A equipe mostrou solidez defensiva, mas escancarou suas fragilidades ofensivas. Com apenas dois treinos completos antes do jogo, Ancelotti teve pouco tempo para implementar ideias, o que ajuda a entender — mas não a justificar — a falta de organização e criatividade no meio-campo.

Sem brilho e sem ideias: onde está o Brasil que queremos?

Com dificuldades para criar, o Brasil dependeu quase exclusivamente das jogadas individuais de Vinícius Júnior. O atacante foi o mais incisivo em campo, mas sem apoio coletivo, suas investidas se perderam em meio à boa marcação adversária. Richarlison, por sua vez, teve atuação apagada, e o jovem Estêvão, em sua estreia como titular, não conseguiu se impor.

O Equador, mais organizado, controlou o jogo no primeiro tempo com mais posse de bola e volume ofensivo, embora também tenha parado na bem postada defesa brasileira, comandada por Marquinhos e Alex. O goleiro Alisson quase não foi exigido. Ao final, o Brasil finalizou mais (7 a 3), mas com pouco perigo real e cometendo 69 erros de passe — número preocupante para uma equipe que precisa propor o jogo.

Ancelotti e o caminho da reconstrução

Na beira do campo, Ancelotti manteve sua conhecida discrição, delegando boa parte das instruções ao auxiliar Francesco Mauri. Mas sua simples presença já representa um novo ciclo. E como toda mudança, ela requer tempo, ajustes e, acima de tudo, coragem para rever conceitos.

O técnico optou por nomes já consagrados — Casemiro, Vini Jr., Richarlison —, mas terá em breve o retorno de Raphinha, suspenso, o que pode ampliar as opções no ataque. Ainda assim, o desafio maior é encontrar uma identidade: um estilo de jogo que una solidez defensiva com inventividade ofensiva — algo que o torcedor há muito não vê.

Próximo desafio e a urgência da reação

O próximo jogo, contra o Paraguai, será na terça-feira, 10 de junho, na Neo Química Arena, em São Paulo. A vitória é fundamental não apenas para manter a boa posição na tabela, mas para acalmar a pressão e dar confiança ao novo comando técnico. Com o aumento no número de vagas para a Copa de 2026, a classificação está mais acessível — mas isso não pode ser desculpa para a mediocridade.

Reflexão necessária: o Brasil precisa mais do que nomes, precisa de futebol

O empate sem gols, embora não desastroso, reforça que a Seleção ainda está longe do que se espera dela. Ancelotti inicia seu trabalho com cautela, mas o futebol brasileiro exige ousadia, planejamento e, sobretudo, um projeto claro. A reconstrução começou. Cabe a todos — comissão, jogadores e torcida — entender que o caminho não será curto, mas pode levar a algo muito maior do que simplesmente vencer: recuperar o prazer de ver o Brasil jogar futebol.