Depois de anos enfrentando recessão, inflação galopante e descrença nos rumos econômicos, a Argentina registrou um avanço surpreendente: crescimento de 8% em abril de 2025 em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Trata-se do maior salto da atividade econômica em anos — e um reflexo de uma mudança profunda na condução do país.
Mais do que um bom resultado isolado, os números indicam consistência. Desde setembro de 2024, a economia argentina vem em curva ascendente. Só nos primeiros três meses deste ano, o crescimento foi de 6,7% em janeiro, 6,0% em fevereiro e 5,6% em março. O acumulado dos últimos 12 meses atinge 6,7% — ritmo invejável em qualquer cenário global.
Uma Nova Estratégia Econômica
Grande parte desse desempenho é atribuído ao programa liberal do presidente Javier Milei. Ele assumiu com uma proposta ousada: corte radical de gastos públicos, fim da emissão monetária, desregulamentação ampla da economia e redução de impostos. Em um país historicamente habituado à intervenção estatal, a mudança gerou tanto expectativa quanto resistência.
Mas os dados falam por si: a inflação anual, que beirava os 300% em 2023, está projetada abaixo de 30% para o segundo semestre de 2025. O mercado reagiu: o índice de risco-país caiu, o salário médio em dólares praticamente dobrou, e setores como energia, mineração e agronegócio atraem novos investimentos.
Sinais de Reação no Emprego e nas Contas Públicas
O ambiente de negócios também começa a se refletir no mercado de trabalho: em abril, a taxa de entrada no emprego cresceu 1,2%, com saldo positivo de empregos formais desde julho de 2024. Mesmo com queda de 1,4% na arrecadação em abril, o governo manteve o superávit primário, algo que a Argentina não via há mais de uma década.
Milei reafirma que o equilíbrio fiscal é inegociável. A agenda econômica também prevê a formalização de recursos mantidos fora do sistema bancário, com potencial de liberar até US$ 270 bilhões, fomentando o consumo e a bancarização da economia.
O Caminho é Promissor — Mas Ainda Longo
Instituições como FMI, Banco Mundial e OCDE projetam crescimento entre 5% e 5,5% para o país em 2025, colocando a Argentina entre as economias com melhor desempenho do ano. No entanto, especialistas alertam: o sucesso a longo prazo dependerá da continuidade das reformas, estabilidade política e redução das desigualdades sociais.
A popularidade de Milei ainda é alta, mas protestos continuam, e as eleições legislativas podem mudar a correlação de forças no Congresso. Além disso, cerca de 50% da população ainda vive na pobreza, um dado que evidencia que o crescimento econômico precisa ser acompanhado de políticas de inclusão.
Reflexão Final
O desempenho recente da Argentina acende um alerta positivo: com coragem política, ajustes estruturais e responsabilidade fiscal, é possível virar a página de uma crise prolongada. O país ainda enfrenta obstáculos, mas a retomada mostra que há caminhos viáveis — mesmo quando eles exigem escolhas difíceis.
Talvez o exemplo argentino sirva, no mínimo, para reacender o debate sobre o papel do Estado, o tamanho da máquina pública e o peso da liberdade econômica no desenvolvimento de uma nação. Porque, no fim das contas, crescer com responsabilidade é o que move uma sociedade para frente.