Trump fecha as portas para estudantes estrangeiros — e para bilhões de dólares

 



O sonho de milhares de brasileiros de estudar nos Estados Unidos está sendo interrompido por uma medida que, mais do que simbólica, carrega sérias implicações econômicas, diplomáticas e estratégicas para os próprios EUA. O governo Trump determinou a suspensão temporária de novos agendamentos de vistos de estudante, um passo que ameaça minar um dos maiores ativos silenciosos da potência americana: sua capacidade de atrair talentos globais.

A decisão foi formalizada por telegrama diplomático assinado pelo Secretário de Estado, Marco Rubio, orientando os consulados a priorizarem serviços a cidadãos americanos e vistos de imigração. Na prática, estudantes estrangeiros — que movem uma engrenagem bilionária e são parte fundamental da elite intelectual e científica do país — estão sendo colocados em segundo plano.

Um tiro no próprio pé

A medida atinge diretamente mais de 1 milhão de estudantes internacionais que, anualmente, ingressam em universidades americanas. Só em 2023, esses estudantes injetaram mais de US$ 40 bilhões na economia dos EUA, segundo dados do Bureau of Economic Analysis. Isso envolve desde mensalidades e moradia até consumo local e inovação acadêmica.

Suspender os vistos é, portanto, abdicar de bilhões de dólares e de capital humano de altíssimo valor. Para países concorrentes, como Canadá, Reino Unido, Alemanha e Austrália, a medida de Trump soa como um presente: enquanto os EUA fecham as portas, outros abrem os braços.

Pressão ideológica disfarçada de segurança

A decisão também carrega forte viés político. A ordem coincide com o agravamento da tensão entre o governo Trump e instituições de elite como Harvard e Columbia, acusadas de “tolerar” protestos pró-Palestina. Essa retaliação atinge diretamente a reputação internacional das universidades americanas, vistas como territórios de liberdade acadêmica — um valor estratégico no soft power dos EUA.

Não para por aí: o governo estuda expandir a triagem de redes sociais de todos os solicitantes, instaurando um clima de vigilância e intimidação que desestimula a candidatura de estrangeiros talentosos. A imagem transmitida é a de um país menos acolhedor, mais ideológico e menos confiável como polo educacional.

Consequências geopolíticas

Com a exclusão de estudantes estrangeiros, os EUA não perdem apenas dinheiro. Perdem capital humano, influência internacional e capacidade de renovação intelectual. Cientistas, pesquisadores e empreendedores do mundo inteiro, que antes viam o país como a Meca da inovação, começam a buscar alternativas. O impacto será sentido em áreas como tecnologia, medicina, ciência e política internacional.

Em um mundo onde o conhecimento é o principal vetor de poder, hostilizar os estudantes é uma aposta de curto prazo que cobra um preço alto no futuro.

Conclusão: ao tentar proteger-se ideologicamente, o governo Trump está isolando os EUA estrategicamente. Cortar o fluxo de cérebros e recursos estrangeiros pode agradar a sua base, mas mina as fundações de uma potência global. A pergunta que fica é: quem realmente sai ganhando com isso?