Assinatura falsa agrava crise na CBF e escancara urgência por mudanças na gestão

A crise que corrói a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) atingiu um novo e grave patamar. Uma perícia independente revelou indícios de falsificação na assinatura do ex-vice-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima — o coronel Nunes — presente no acordo que garantiu Ednaldo Rodrigues na presidência da entidade, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A análise técnica, realizada pela perita Jacqueline Tirotti a pedido do vereador Marcos Dias (Podemos-RJ), concluiu de forma categórica que a assinatura atribuída a Nunes não corresponde ao seu punho gráfico. O laudo foi formalmente protocolado no Tribunal de Justiça do Pará e encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro, que rapidamente se movimentou.

A deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), junto ao MP-RJ, ingressou com pedido de afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues, sustentando que o acordo teria sido fruto de uma simulação jurídica — agravada por denúncias de gestão temerária. Paralelamente, o Congresso Nacional articula uma convocação para que o presidente da CBF finalmente preste esclarecimentos, após ter escapado de CPIs anteriores.

Em resposta, a CBF limitou-se a uma nota na qual afirma não ter tido acesso ao conteúdo da perícia, sustentando que todos os atos relacionados ao acordo respeitaram os trâmites legais. No entanto, o caso pode provocar um terremoto institucional: se o Supremo entender que houve fraude, o acordo que manteve Ednaldo no poder poderá ser anulado — com consequências imprevisíveis para o comando do futebol brasileiro.

O episódio escancara um fato incontestável: a CBF precisa urgentemente de mudanças estruturais e de liderança. A sucessão de escândalos, disputas judiciais, interferências políticas e suspeitas de ilegalidade enfraquece a legitimidade da entidade e compromete sua capacidade de liderar o futebol brasileiro com transparência, profissionalismo e credibilidade.

A presidência da CBF, ao longo da última década, tem sido marcada por denúncias, afastamentos e acordos de bastidores que minam a confiança pública. O caso atual, envolvendo a suposta falsificação de um documento central à sustentação da atual gestão, é apenas mais um sintoma de um modelo ultrapassado, opaco e concentrado, que precisa ser substituído por uma governança moderna, ética e representativa.

O futebol brasileiro, que move paixões e bilhões de reais, não pode continuar refém de práticas questionáveis e estruturas arcaicas. O momento exige renovação de lideranças, auditoria independente e uma profunda reforma estatutária na CBF, com participação efetiva dos clubes, atletas e da sociedade civil.

O escândalo atual não pode ser abafado ou contornado nos bastidores. Deve servir como ponto de inflexão para repensar o comando do futebol nacional. Ou o Brasil muda a CBF — inclusive seu presidente — ou continuará pagando caro pela instabilidade e pelo descrédito que cercam sua entidade máxima.