O futebol brasileiro está em meio a um intenso debate sobre o uso de gramados sintéticos. Liderados por Neymar (Santos), Thiago Silva (Fluminense) e Lucas Moura (São Paulo), jogadores têm se manifestado contra a utilização desse tipo de superfície, alegando que ela compromete a qualidade do jogo e aumenta o risco de lesões. O lema da campanha é direto: "Futebol profissional não se joga em gramado sintético".
O Movimento Ganha Força
A campanha conta com o apoio de diversos atletas renomados, incluindo Gabigol e Cássio (Cruzeiro), Philippe Coutinho (Vasco), Bruno Henrique e Alan Patrick (Internacional). Até jogadores estrangeiros, como Memphis Depay, manifestaram solidariedade ao protesto.
Atualmente, três clubes da Série A utilizam gramado sintético: Palmeiras, Botafogo e Atlético-MG. Os jogadores argumentam que, considerando a tradição e a representatividade do futebol brasileiro, a liga nacional deveria priorizar gramados naturais, como fazem as principais competições do mundo.
Oposição e Argumentos Contrários
Os clubes que utilizam grama sintética defendem sua escolha. O Palmeiras, por exemplo, afirma que o gramado do Allianz Parque possui certificação da FIFA e segue os mesmos padrões de um campo de grama natural em ótimo estado. Além disso, a diretoria do clube reforça que não há comprovação científica de que a superfície aumente o risco de lesões.
Alessandro Oliveira, CEO da Soccer Grass, empresa responsável pelo gramado do Allianz Parque, criticou o movimento dos jogadores, classificando-o como uma ação política contra os times que utilizam a tecnologia.
Alguns especialistas também defendem o gramado sintético. Um fisiologista consultado pela imprensa afirmou que, na realidade, gramados naturais podem causar mais lesões do que os sintéticos, dependendo de sua manutenção.
Regulamentação e Medidas da CBF
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) permite o uso de gramados sintéticos e, em 2024, implementou mudanças para garantir maior equilíbrio na competição. Agora, os clubes que jogam em gramado artificial são obrigados a liberar suas instalações para que os times visitantes realizem treinos antes das partidas.
A Federação Nacional dos Atletas de Futebol (Fenapaf) tentou trazer o tema para discussão no conselho técnico da CBF, mas não obteve apoio suficiente para mudanças imediatas.
O Cenário Internacional
A resistência aos gramados sintéticos não é exclusiva do Brasil. Na Holanda, por exemplo, o uso desse tipo de superfície será proibido a partir de 2026. Além disso, um estudo de 2011 publicado na revista Sports Medicine indicou que gramados sintéticos podem aumentar o risco de lesões nos tornozelos, joelhos e músculos posteriores das coxas, especialmente em jogadoras.
O Futuro do Debate
Com grandes nomes do futebol nacional e internacional envolvidos, a polêmica sobre gramados sintéticos promete continuar. De um lado, os jogadores pedem a eliminação dessas superfícies em competições profissionais; do outro, clubes e empresas do setor argumentam que os avanços tecnológicos garantem qualidade e segurança.
A questão permanece aberta: o futebol brasileiro seguirá o caminho de ligas como a holandesa, que decidiu proibir os gramados sintéticos, ou manterá sua regulamentação atual? O desfecho dessa disputa pode impactar profundamente o futuro do esporte no país.